E por que em teus olhos
não via pecado
os meus brilhavam
ao procurar
em ti
defeito e não achar.
Mas tu foste,
menina.
A lua 'inda reinava,
quando correste de mim
- ou correste atrás de ti,
nunca saberei.
Fato é que foste,
menina.
Lembro do teu vestido
que era berço do verso no vento,
quando eu te empurrava no balanço
e ensaiavas o voo.
Por que te foste,
menina?
Se nas manhãs de segunda
e de quinta,
eras a primeira a me ver
acordar.
E inventamos novos nomes
pra nós dois
- cheios de diminutivos
e aumentativos e ironias
e risos entrecortados.
E esses nomes, para onde foram,
menina?
Eu não te vi indo,
mas na luz percebi
que já não eras nem estavas:
a janela silenciava.
Onde estás,
menina?
Se ouvires esse lamento
afônico, saiba que te espero na sacada,
meus braços sujos querem sujar
tuas roupas brancas,
menina.
Vem inocente
ou ainda delinquente,
menina,
mas vem
que aqui a gente se resolve.
Raul Albuquerque
30/05/2013
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