Ouça-me você, belíssima,
não suporto seu amor.
Olha-me, observa de que modo
seu amor me machuca e destrói.
Se fosse você um pouco menos bela,
se tivesse um defeito em algum lugar,
um dedo mutilado e evidente,
alguma coisa ríspida na voz,
uma pequena cicatriz junto a esses lábios
de fruta em movimento,
uma mancha na alma,
uma má pincelada imperceptível
no sorriso...
eu poderia tolerar-te.
Mas tua cruel beleza é implacável,
belíssima;
não há ramo de repouso
em tua ferina luz
de estrela em permanente fuga
e desespera compreender
que ainda a mutilação te faria mais bela,
como a certas estátuas.
Poema de Eduardo Lizalde, grande poeta mexicano da atualidade.
Traduzido por Raul Albuquerque.
"Mas tua cruel beleza é implacável,
ResponderExcluirbelíssima"
Muito bom!