Encantou-me,
porque ela era toda silêncio.
E eu, que era todo palavras,
vi-me no salão vazio.
Encantou-me,
porque ela era toda silêncio,
e sua chama não era incêndio,
mas queimava como se queimam
as cartas arrependidas.
Encantou-me,
porque, quando pensei que
ela era toda silêncio, revelou-se
toda palavra
e em tão poucas palavras
comprou-me como ouvinte.
Encantou-me
em seu tímido olhar mel
- em gosto e em cor -
que, por vezes baixo,
era fim de tarde infinda.
Não é amor, ainda é fascinação,
porque amor não tem motivo,
amar é estar preso, cativo,
sem castigo nem perdão.
Mas este teu silêncio
dá-me, por si só,
mais de mil motivos para amar-te.
Raul Albuquerque
11/05/2013
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