Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

No jardim de Medusa


desceu sobre mim teu olhar 
e fui pedra.

o tanto que busquei-te
para condenar-te e castigar-te
para matar-te, roubar-te a cabeça
e entregar-te à traída.

saí de meu dia 
e caminhei para as tuas densas
escuridões - para matar-te.

falavam de um rosto angelical
numa moldura que serpenteava
- belas letras desenhadas
em pele de cobra.

  segui e fui e continuei
e segui e fui e continuei.

quando a luz minguou
e a noite foi caindo, senti
que te aproximavas
- a cegueira já me tomava.

da escuridão surgiste
com teus cabelos vivos
e eu - que fui designado
para matar-te - 
entrei em teus olhos
e então fui pedra.

hoje já não me movo
nem movo moinhos
- sou água passada e petrificada.

hoje estou no teu jardim
- como alegoria -
no meio dos tantos outros
que tentaram matar,
mas renderam-se
e acabaram aqui
- no teu jardim.

e aqui há anjos,
fontes, pombas,
figuras anônimas
e há eu
- que não sei o
que faço aqui.

um dia alguém há
de serrar-te o pescoço
e levar tua cabeça no escudo
- e serei liberto.


mas desceu sobre mim teu olhar 
e sou pedra.

Raul Cézar de Albuquerque
26/03/2013
Dedicado (atrasadamente) a Laisa Barreto.

Um comentário:

  1. É realmente interessante a narrativa que conseguiste construir, toda em cima da metáfora. Se me permite a advertência, cuidado com os recursos que usas - a aliteração, nesse caso - ao invés de tornar o texto mais atraente, pode torná-lo cansativo.

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