O filme que tanto prometia acabou por levar apenas três Oscar® - sendo um deles individual. O filme prometia pelo simples fato de ser baseado num musical de - ninguém mais, ninguém menos que - Schönberg, que é baseado num dos melhores romances de todos os tempos: "Os miseráveis" do francês Victor-Marie Hugo, ou só Victor Hugo.
A obra é encantadora, belíssima, envolvente e muito bem construída; não perde a carga psicológica do romance francês nem falha nos princípios técnicos; tem um acompanhamento instrumental invejável às músicas e possui bons cortes de cena.
Mas basicamente três pontos separam-na da perfeição:
1 - Não há diálogos normais.
Isso mesmo. As falas são - em sua maioria esmagadora - cantadas, e tais falas nem sempre encaixam na melodia, o que cria um desconforto no espectador. Perderam-se ótimas falas tentando cantá-las. Se houvesse sido mantido o script comum dos musicais (falas e músicas), o longa ganharia mais leveza e - ironicamente - ritmo.
2 - A atuação mediana do elenco masculino
A Anne Hathaway dá um show - e sua interpretação de "I dreamed a dream" é tocante -, a Amanda Seyfried também encanta com seus agudos limpos; mas o Hugh Jackman e o Russell Crowe - talvez pelo excesso de falas cantadas e falta de músicas de verdade - acertam poucas vezes durante todo o filme. Dentre os homens solistas, o Eddie Redmayne é um destaque pela qualidade vocal.
3 - O longa é muito longo - e cansativo.
O filme dura quase três horas - o que não é problema para um musical, mas o fato de a música nunca parar cria no espectador um sentimento de "saco cheio", de modo que às duas horas de filme o desejo de sair da sala vai aumentando... e alguns não resistem, eu resisti.
O final do filme é - no mínimo - estranho: uma cena com todos os mortos - em batalha ou não -, cantando alegremente sobre a revolução que nunca morre...
A trilha sonora é incrível, maquiagem e figurino também. Mas Tom Hooper deixou a excelência escapar por detalhes... que pena!
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