E haviam passado pelos meus olhos
os mais variados cálices e copos
com os mais duvidosos e desejáveis líquidos.
Ignorei muita coisa.
O primeiro cálice que levei a sério
era belo - belíssimo.
Como não se pode ir bebendo logo,
senti o aroma daquele vinho:
maduro - talvez demais pra mim;
bom - inegavelmente -,
mas não me conquistou.
Esperei para bebê-lo.
(na velha esperança de que
melhorasse com o passar do tempo).
Não deu certo.
Continuou igual
- igualmente mediano.
E passaram mais cálices.
O segundo cálice que encheu-me o olhos
- e acabou por esvaziar-me o coração -
era belíssimo - esplêndido.
Tinha um aroma absurdamente
BEBA-ME - e carregava um cheiro
sujo (no melhor sentido da palavra)
que conquistou-me.
Esperei para bebê-lo
- sem porquê aparente,
talvez para estar preparado
para tudo aquilo.
Enfim, não deu certo.
Virou vinagre
- o mais odioso e imprestável azedume de uma vida.
E veio o terceiro cálice
- ah, o terceiro cálice... -
que ainda me enche os olhos
e espero que me preencha o coração.
É esplêndido - indescritível.
Possui um aroma distante que
me chama para perto - e carrega
o tom do amor que termina
em felicidade ou não termina.
Espero para bebê-lo
- um passo por vez.
Dará certo?
Eu não sei.
Viver resume-se em experimentar ou não.
Raul Cézar de Albuquerque
04/02/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário