O texto a seguir faz parte de um projeto maior - ainda sem título. Então, faço minhas as palavras do grande Camões: "Cantando espalharei por toda a parte,/ se a tanto me ajudar o engenho e arte."
Eu - este retrato inacabado,
grito sufocado, sorriso asfixiado,
monstro de frieza e cálculo,
onda que desponta e finda
imersa na parte madura
do caos juvenil,
nota que é sempre desafino,
aviso esquecido, anotação ignorada,
por ora, sem nome, sem data,
sem passado, sem futuro,
cheio de sonhos, lotado de medos,
hoje acometido pelo sonho
medroso e covarde de
não percorrer o próprio caminho
sozinho - amo - seja lá
o que isso queira dizer, seja lá
o que isso queira me trazer,
seja lá o que eu queira dizer com isso,
seja lá o que se entenda disso,
seja lá de onde tenha vindo isso,
seja lá... onde quero chegar,
seja lá qual seja a conjugação
correta deste verbo incerto
que trêmulo se esconde
no dicionário entre os vocábulos
comuns - você - que ainda é incógnita,
que ainda
não entendo, que ainda me confunde,
que me põe perdido em seu infinito,
que dança minimalistamente
no campo plano da incerteza,
que já passeou tanto nos meus
devaneios cantando em línguas
que eu não conheço, falando de
coisas que não vivi, esquecendo
o passado remoto e aceitando
meu mais louco e breve pedido - ?
Raul Cézar de Albuquerque
25/02/2013
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