E depois de tanto tempo
olhando para fora,
percebi agora
que o céu estava nublado,
que o céu estava fechado,
que a chuva nunca caía
e que o sol nunca saía,
mas eu esperava
um milagre.
que milagre?
um milagre.
E depois de tanto tempo
esperando na janela,
esperando por ela,
varando a noite fria
e na madrugada eu já ria
de mim,
pela manhã vazia
eu já desistia
de dar-lhe meu sim.
meu sim.
que sim?
meu sim.
E depois de tanto tempo
de pé,
a hora é
de reconhecer a desistência
pois o sol foi-se sem clemência
e a lua sobe sem graça
certa de que tudo passa
e a vida flui
para onde não fui
nem irei
nem sou rei
nem sou plebe
não se percebe
que sou o que fluiu
para fora do que ruiu
para fora da muralha
que encerra a fornalha
do tempo.
que tempo?
do meu tempo.
Raul Cézar de Albuquerque
15-16/03/2013
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