Não descobri nada eu,
já tudo estava descoberto
quando passei por este mundo.
Se regresso a estes lados
peço aos descobridores
que me guardem alguma coisa,
um vulcão que não tenha nome,
um madrigal desconhecido,
a fonte de um rio secreto.
Fui sempre tão aventureiro
que nunca tive uma aventura
e as coisas que descobri
estavam dentro de mim mesmo,
de tal modo que defraudei
a Juan, a Pedro e a Maria,
porque por mais que tenha me esforçado
não pude sair de minha casa.
Contemplei com inveja intensa
a inseminação incessante,
o ciclo dos satélites,
o acréscimo de esqueletos,
e na pintura vi passar
tantas maneiras fascinantes
que apenas me pus na moda
já aquela moda não existia.
Poema "Artes Poéticas (II)" de Pablo Neruda
Escrito em Isla Negra, e publicado no livro "Fin del mundo", em 1969.
Traduzido por Raul Albuquerque
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