Hoje é o dia da Poesia! - e eu não estou a fim de chover no molhado... Já falei muito sobre o assunto no post do dia do Poeta. Em todo caso, as datas equivalem-se, pois poesia e poeta coexistem.
São novos tempos e a - pobre? - poesia vem perdendo espaço. Há mais de cinquenta anos, um livro de poemas não entra na lista de mais vendidos. Mas é irônico perceber que nestes mesmos tempos modernos é que ela é mais necessária, pois a catarse é mais necessária em tempos de cárcere. Em tempos de total conexão, desconectar-se é necessário.
Para fechar o curto post, um poema eterno do Bandeira: "Desencanto".
Num processo metapoético, o poeta pernambucano tenta explicar seu processo produtivo e conclui sem pudor...
Num processo metapoético, o poeta pernambucano tenta explicar seu processo produtivo e conclui sem pudor...
Eu faço versos como quem
chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
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