Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Uma Lembrança...



Estava lendo "O Estrangeiro" de Albert Camus. Nele há a descrição de uma imagem muito poética, muito bem feita. Era um homem, deitado, no meio do calor da Argélia. Decidi fazer diferente, uma mulher, estática em pé, no meio de uma paisagem fria. Acho que ficou bom...

Eu lembro-me da última vez em que a vi.
Eu nunca tinha visto nada igual,
Por isso tive certeza de que não me confundi.
Foi assim que a vi: estática e triunfal.

No meio de tanto nada.
Apenas olhei a mancha rósea na paisagem.
Na verdade, avermelhada.
Na verdade, não era miragem.

É, era ela. Era a minha emoção.
Era o meu sentimento todo ali.
Naquela imagem parecendo ilusão.
Naquele mundo sobre o qual nunca li.
Naquela mentira que era de coração,
Apaixonei-me logo pelo que vi.

Era ela com seu sobretudo vermelho,
Que, em vias normais, indicaria paixão,
Mas, no meio de todo aquele gelo,
Indicou apenas uma forte recordação.

A roupa vermelha e a expressão pálida,
O sorriso simples e a alegria notória,
O tempo frio e a presença cálida,
Tudo poetizava sutilmente sua história.

Depois deste último encontro à distância,
Hoje, vejo-a tão seca, sóbria e sincera.
Parece que já passou aquele desejo ou ânsia.
Tudo por ela já não ser quem era.

Raul Cézar de Albuquerque
06/01/2012

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