teu olhar despejou em mim
pó de esperanças infundadas
enquanto eu dormia
tu sopraste ventos
que eu desconhecia
e o pó recebeu vida
senti a perda de duas costelas
e me levantei sem ti
a dor de receber um esperança
e vê-la cair em semente na terra
lembro que dormi em teu colo
e acordei lembrando de ter morrido
sendo a vida já outra coisa que não a vida contigo
não sei se vida é
(nada disse: as palavras nunca nos comportaram)
Raul Albuquerque
Bem-Vindo ao Estação 018!
sexta-feira, 30 de maio de 2014
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Métrica quase bolero
Tu, moça, cabes em um só bolero.
Tu cabes na mesma melancolia
e na mesma cadência que eu quero
p'ra que a vida não passe à revelia.
Raul Albuquerque
Tu cabes na mesma melancolia
e na mesma cadência que eu quero
p'ra que a vida não passe à revelia.
Raul Albuquerque
sábado, 24 de maio de 2014
Alexandrino II
Aprendi meus amores de longe e de carta;
remeti sem saber o seu destinatário;
selado em silêncio mórbido e vário
que desvaria diante da secura farta.
Raul Albuquerque
remeti sem saber o seu destinatário;
selado em silêncio mórbido e vário
que desvaria diante da secura farta.
Raul Albuquerque
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Alexandrinos brancos
sonhara toda noite com as cores brancas
até girassóis brancos vira vaguear
pelos amores brancos de tanto luar
a iluminar as belezas que o escuro arranca
Raul Albuquerque
sábado, 17 de maio de 2014
Soneto-resposta para agrado de neoparnasianos
Aprendi cedo a poesia com Moraes
e vi que nos sonetos cabem vidas,
há espaços para alegrias sofridas
e para os cotidianos mais imorais.
Não há necessidade de rimar,
mas há de ser o texto a boa forma
forjada em porões d'alma sem norma
que saiba diferenciar poça e mar.
A poça vem de qualquer chuva
e com qualquer sol evapora já,
mas o mar, além da forma-luva,
sabe que traz em si eco de rios
e, para além de um medo sombrio,
sabe que é o ser-rio que o faz ser mar.
Raul Albuquerque
17/05/2014
e vi que nos sonetos cabem vidas,
há espaços para alegrias sofridas
e para os cotidianos mais imorais.
Não há necessidade de rimar,
mas há de ser o texto a boa forma
forjada em porões d'alma sem norma
que saiba diferenciar poça e mar.
A poça vem de qualquer chuva
e com qualquer sol evapora já,
mas o mar, além da forma-luva,
sabe que traz em si eco de rios
e, para além de um medo sombrio,
sabe que é o ser-rio que o faz ser mar.
Raul Albuquerque
17/05/2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
[onde couber bem]
desaprendi a minha casa
onde coubera tudo já nada cabe
destendi dores pré-históricas
e atravessei noites homéricas
em busca da terra em que
os sonhos se desmancham
em ondas de realidade
num mar longo e pacífico
mas nada encontrei
só o oceano insatisfeito
e terremotos no oriente
voltei para casa e já nada cabia
perderam-se as medidas
e os móveis apertaram-se
com as portas ficando menores
e eu mal pude entrar
só pus a cabeça na entrada
e vi que já nada me cabia
hoje trago malas
e uma vontade eterna
de construir um lar
em que caibam
as lembranças [o futuro [o meu nome [e amor por capricho]]]
Raul Cézar de Albuquerque
08/05/2014
onde coubera tudo já nada cabe
destendi dores pré-históricas
e atravessei noites homéricas
em busca da terra em que
os sonhos se desmancham
em ondas de realidade
num mar longo e pacífico
mas nada encontrei
só o oceano insatisfeito
e terremotos no oriente
voltei para casa e já nada cabia
perderam-se as medidas
e os móveis apertaram-se
com as portas ficando menores
e eu mal pude entrar
só pus a cabeça na entrada
e vi que já nada me cabia
hoje trago malas
e uma vontade eterna
de construir um lar
em que caibam
as lembranças [o futuro [o meu nome [e amor por capricho]]]
Raul Cézar de Albuquerque
08/05/2014
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