Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sábado, 22 de março de 2014

[dá-me teu tear]


chego hoje a uma conclusão:

preciso de teus olhos

mesmo que eu não os olhe e que eles não me olhem
preciso da gota de futuro que é saber que eles existem

preciso de teus olhos

não faz sentido [eu sei
mas não preciso de sentido [preciso de teus olhos

preciso de teus olhos

só durmo e acordo enquanto houver olhos teus
só respiro enquanto houver teus olhos

preciso de teus olhos

só morro se houver teus olhos
sem eles nem vida nem morte
sem eles apenas trocas gasosas e sanguíneas
               [apenas conversas ocas
               [apenas marasmo
               [apenas o mar sem alma que namora o abismo.

Raul Albuquerque
22/03/2014


quarta-feira, 19 de março de 2014

[atrasada]


há notas na tua fala
e ninguém conseguirá cantar
as tuas anotações 
como tu cantas, 
a mezzo-soprano mais exata
em errar a hora

e há mistérios
que são belos velados
e descobertos 
são nus pecados
sem cor de céu sol sal

y solamente tú
quedas al lado de las estrellas
y de los corales 
              del oceano

tu divides dois tempos e dois domínios
hoje é tua a plenitude
e teu é ser sempre


Raul Albuquerque
19/03/2014

quinta-feira, 13 de março de 2014

miedo miel mar

por las calles me voy
y sin miedo
la noche cae

una sonrisa se fue
mis ojos no la miran más
sólo tengo
una rota eternidad

y tengo miedo

no que lo tenga yo
él me tiene

soy todo miedo miel y mar

miedo por no ser

miel por querer

mar por las olas que se van 
  y siempre vuelven
      y nunca vuelven iguales

besame la esperanza
  que es una niña ciega
podría ser cecília su nombre
  pero es esperanza
y su beso lleno me hace oco


Raul Albuquerque
13/03/2013

quarta-feira, 12 de março de 2014

doçura

não é exagero crer que
a vida é o caudaloso rio
que cai a conta-
                -gotas

e cada amor é como 
um verão 
       ou como qualquer estação
de metrô em que
       o ruído é feito de infinitas vozes
como o murmúrio do mar
       vem do mármore
e das marés (leiam-se lágrimas)
       vem do cárcere
e dos campos (leiam-se fábricas)
       
       em todo lugar se pode ouvir o mar
porque está o mar em todo lugar
       cada adeus é braço de mar
oceano a desaguar na gente
       que chora e lava os pecados
que salgam o mar até que 
       tudo seja novo céu e nova terra

       mas hoje sou apenas
um braço atrofiado de mar
       não sei ser rio 
porque falta doçura

Raul Albuquerque
12/março/2014