Acho que o poema não precisa de introdução. Ele é auto-explicativo. Escrever como se fala...
Dizem que é um problema meu
Não escrever como geralmente
falo.
Dizem que parece não ser eu.
Pois, para escrever, eu me
calo.
Calo-me para não impregnar a
Poesia
Com este odor de existência,
Ou pior, semiexistência, eu
diria.
A Poesia merece reverência.
As palavras que falo estão
condenadas
Ao triunfo do Finito sobre o
Eterno.
Mas as que escrevo serão
imortalizadas
Pelo extremo e perpétuo Inverno.
Este Inverno de frieza viva.
Este solstício tão agradável
Que me faz uma pessoa cativa
Deste calor tão relevável.
As minhas palavras são
impuras.
Mas as do dicionário estão
purificadas pela Eternidade.
Elas vêm desde Homero, elas
são duras,
Elas são pesadas, maciças,
são palavras de verdade.
As palavras escritas além
dos fonemas.
As letras, heranças latinas,
além dos grunhidos.
A Poesia muito, mas muito
além dos poemas.
Os versos vividos muito além
dos sentidos.
Raul Cézar de Albuquerque
20/01/2012
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