Sou o que sabe que não é menos vão
que o vão observador que no espelho
de silêncio e cristal segue o reflexo
ou o corpo (dá no mesmo) do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
que não há outra vingança que não o esquecimento
nem outro perdão. Um deus concedeu
ao ódio humano esta curiosa chave.
Sou o que, apesar dos ilustres modos
de errar, não decifrou o labirinto,
singular e plural, árduo e distinto,
do tempo, que é um e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi espada
na guerra. Sou eco, esquecimento, nada.
Poema "Sou", de Jorge Luis Borges.
(Uma das maiores injustiças do Nobel)
Fielmente traduzido por Raul Cézar de Albuquerque.
uma das maiores injustiças do nobel e uma das coisas mais grandiosas para nós, mortais.
ResponderExcluirparabéns pelo blog. ;)
Obrigado!
ExcluirNós, mortais, tentamos sublimar a existência através da arte... mas alguns, como Borges, alcançam níveis extremos de sublimação e nos inspiram arte!
Pode me ajudar com um comentario sobre esse poema
ResponderExcluir??
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