Pela primeira vez,
em muito tempo,
eu não senti
aquela certeza
(Na verdade,
esta certeza,
pois é tão minha
que não pode estar longe
- longe de mim).
Eu não tive certeza.
A certeza de estar certo
- nem a de estar errado.
Não estive certo de nada.
Isso durou alguns instantes.
Mas não foi - de todo - ruim.
Há muito tempo,
eu não sentia aquele calor de existência
- nem aquele tom de humanidade
- muito menos o toque do incerto presente.
Eu gostei de desconfiar do futuro
- mesmo que por aqueles
míseros segundos eternos.
Eu gostei de sentir o presente
como uma construção
recém-acabada
- planejada desde a eternidade,
mas só ali concretizada.
Eu gostei.
Gostei de ser humano
- mesmo que só por um momento.
(Pois a incerteza é humana.
E não há nada mais humano
Que a incerteza.
A mais vil, tortuosa,
traspassante, tocante,
louca, triste e humana
Incerteza.)
Raul Cézar de Albuquerque
09/04/2012
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