E, aos poucos,
comecei a sentir-me um estrangeiro.
Sentindo que nada aqui
me pertencia ou me pertenceria.
Percebi-me um estrangeiro
que nada tem em comum
com a terra que transitoriamente habita.
Senti-me como aquele que
- sem perceber -
vai seguindo um alvo duvidoso
- ou pior, um alvo desconhecido.
Aquele que segue por seguir,
mas não sabe aonde vai
- nem por onde irá.
Vendo o curso dos rios
- que correm tão certos de seu fim -
invejei-os.
Vendo um bando de aves
- que voavam juntamente -
invejei-as.
Vendo um cão
- que latia para um poste -
invejei-o,
pois, ao menos,
ele sabia para onde latir.
Um estrangeiro - perdido.
Senti-me quase assim.
O sentimento exato possui
um tom de loucura - de desespero.
O mais desesperado dos seres loucos perdidos - eu.
Desculpe-me
- permita-me uma correção:
Eu não me senti um estrangeiro.
Eu sou um estrangeiro.
(Eu, o mais estranho dos estrangeiros,
pois desconheço minha terra natal.
Em nenhum lugar que conheci,
senti-me em casa - nunca.)
Raul Cézar de Albuquerque
14/04/2012
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