Mas,
por que fazemos questão
de fazer de conta
que o faz de conta
nunca aconteceu?
Mesmo sabendo
que aqui - ou aí - dentro
plebeus foram príncipes
- sapos também.
Ou até que moças simples
vestiram-se de linho e ouro
- foram princesas,
nem que por uma semana,
ou por um mês,
ou ainda são princesas.
Às vezes,
crer no faz de conta,
faz tão bem para
o coração...
Suspirar por plebeias
como se fossem princesas.
E elas olhando sapos
como se fossem príncipes.
Enquanto houver tempo,
haverá faz de conta.
E não há motivo
para duvidarmos
que os faz de conta
existem.
Pois,
para nossa felicidade,
eles existem.
Só não poderemos
discernir o real do faz de conta
- só quando a história acaba,
e o príncipe volta a ser sapo,
e a princesa volta a ser fiadeira,
a ser parte da paisagem,
a ser rejeitável,
a ser ignorável.
(E o faz de conta acaba,
assim, parte de nossa vida
- ilusão -
enterra-se com ele,
some, esvai-se,
resta apenas a dor
de saber que não passou de faz de conta.)
Raul Cézar de Albuquerque
17/04/2012
Dedicado a Thaís S. S. Gomes (que me deu a ideia do poema)
Como bom leitor de C.S. Lewis e Lewis Carrol, esse poema me agradou bastante, as fase sem rimas está melhor do que eu esperava. XD
ResponderExcluirA fase sem rimas também está melhor do que eu esperava!
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