A ideia do corredor me surgiu numa reportagem sobre o precário atendimento em hospitais (bla-bla-bla), mas a ideia do corredor me fascinou. Ele era o caminho entre o sofrimento interno (dentro do hospital) para a felicidade plena (a porta "Saída")... Fiquem com a Saída...
O corredor está muito movimentado.
Muitas pessoas esbarram em mim.
E eu já estou ficando bem cansado,
estou pensando em sair, simples assim.
Nem tão simples pra falar a verdade.
Eu vejo uma porta ao fim do corredor.
Mas seria ela a porta pra felicidade?
Ou, indo até lá, estaria correndo para a dor?
E eu estou buscando um alívio, um alento.
Estou tentando me livrar desta dor de existir.
Esta dor que me importuna a todo momento.
Esta dor que me impede de rir, me faz fingir.
Faz-me fingir a minha existência.
E a existência da minha felicidade.
Faz-me esconder a latência
desta dor que, sem dúvida, é de verdade.
Lembrando da dor, sigo até a porta.
Sigo com dificuldade notável.
Em cada olhar, uma expressão morta.
Em minha vida, um vazio inefável.
E cada passo é um sofrimento.
Mas continuo caminhando sem medo.
Surge uma lágrima a cada pensamento.
Eu desconheço o meu segredo.
Enxugo os olhos rapidamente. Não posso parar.
Ao chegar perto da porta, leio nela "Saída".
Esboço um sorriso, mas, logo ao pensar,
lembro-me de que pode ser só mais uma ferida.
Mas inexplicavelmente não paro de caminhar.
Eu explico: Poderia ser uma nova vida.
Raul Cézar de Albuquerque
02/03/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário