Este não é um poema sobre insônia.
Este poema é uma insônia.
A vida é uma insônia.
Aliás,
a vida é a maior das insônias.
É esta resistência em dormir.
Em deixar-se perder nos sonhos.
Entregar-se ao ilógico - ao inconsciente.
Viver é manter os olhos abertos
- mesmo que a visão seja perturbadora -
- pois o dormir é uma perturbação incógnita
que pode não ser uma pertubação,
mas é uma incógnita,
por isso nos perturba.
A poesia é um modo de aliviar a insônia.
É experimentar algumas vezes o dormir da existência.
O verso não passa de um cochilo.
O poema é o leve fechar dos olhos
no meio da noite fria - que quer nos fazer dormir.
E o poeta é o que dorme
por não querer dormir.
Raul Cézar de Albuquerque
31/03/2012
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