Peço desculpas pela escassez de posts nos últimos tempos... Minha vida está muito corrida... Mas, como um bom poeta moderno, eu consigo encontrar tempo pra escrever - nem que seja na escola! Espero que compreendam a ideia do berço...
Eu sempre gostei da ideia do berço.
A madeira bem talhada como envoltório.
Bem diferente deste lugar onde desvaneço.
Este lugar frio e seco - lugar irrisório.
Mas...
Ele havia esperado tanto tempo...
- tanto tempo só para estar ali -
Havia tantos olhares naquele momento,
olhares regados de emoção. Foi o que vi.
Sua pele tão alva e tão lisa...
Sua expressão enigmática - humana.
Era a visão da vida que se realiza.
que se consuma. A vida que emana.
Emana: flui com todo o vigor
que lhe é natural.
Emana: esvai-se no estupor
que faz vida ser normal.
E, naquela visão, misturava-se o começo
com o fim tão previamente predito.
Ali estavam o temor e o apreço.
Estava a vida, a morte, o mito.
Na cena, havia choro - era tanto pranto...
Mas eu não sei de onde vinham os grunhidos.
Não sei se vinham do centro ou do canto,
ou se vinham de mim aqueles úmidos gritos.
Ali, nasciam e morriam muitas dores.
As nossas: as minhas, as deles e as tuas.
Estranhamente, no berço havia flores,
e ele partiu em cortejo pelas ruas.
Raul Cézar de Albuquerque
23/03/2012
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