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Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Inimigo (de Charles Baudelaire)

 

O tempo como inimigo do homem. Baudelaire trará esta imagem no poema abaixo. Indiretamente, ele coloca o homem como inimigo dele mesmo. Permanecendo como uma incógnita a identidade do nosso verdadeiro e mais claro inimigo. 


A mocidade foi-me um temporal bem triste, 
Onde raro brilhou a luz d'um claro dia; 
Tanta chuva caiu, que quase não existe 
Uma flor no jardim da minha fantasia. 

E agora, que alcancei o outono, alquebrantado, 
Que paciente labor não preciso — ai de mim! — 
Se quiser renovar o terreno encharcado, 
Cheio de boqueirões, que é hoje o meu jardim! 

E quem sabe se as flor's ideais que ora cobiço 
Iriam encontrar no chão alagadiço 
O preciso alimento ao seu desabrochar? 

Corre o tempo veloz, num galope desfeito, 
E a Dor, a ingente Dor, que nos corrói o peito, 
Com nosso próprio sangue, a crescer, a medrar! 

"O Inimigo" de Charles Baudelaire.

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