O título é uma boa explicação do que tentei fazer no poema... Um ensaio sobre o silêncio. Neste estado de espírito, o silêncio, quis escrever sobre o que sentia. Fiz uso de uma alegoria, mas nada que me tirasse a verdade do sentia quando escrevi... O Silêncio:
A refeição é feita
em silêncio.
Um silêncio tão
presente que poderia ser tocado.
Um silêncio
pessoal, geral e denso.
O silêncio puxou a
cadeira e sentou-se ao nosso lado.
À mesa, só o som
dos talheres.
O estalido das
facas, que não cortam a tensão.
Ali, só o silêncio
das mulheres.
Só o silêncio. Ninguém
quer falar daquela situação.
Mas o silêncio é a
prova de que o que aconteceu
Não sai do nosso
pensamento.
Os olhares baixos
vislumbram o que nos acometeu.
Os fatos recentes
tomaram nosso sentimento.
Todas as bocas se
mexem sem parar...
Mas só pra comer.
Enquanto ninguém
para de relembrar
O que acabou de
acontecer.
De repente, alguém
levanta
E vai para a sala
de estar.
A refeição não
mais encanta.
Um a um, todos começam
a levantar.
O silêncio só é
atrapalhado
Pelo arrastar das
cadeiras.
Mas logo é
retomado
Quando todos
acabam suas carreiras.
Então, todos se
sentam no sofá.
Alguém finalmente
liga a televisão,
Pra tentar calar o
silêncio que ainda está,
Ainda está em cada
coração.
E é esse o
silêncio que vai nos interessar,
O da morbidade da
emoção.
O silêncio do que
já está para acabar.
Este que não passa
de uma oração.
O silêncio que não
passa de uma oração.
Este que nos
preenche subitamente.
Que nos consola
quando se une ao som da respiração.
Este que preenche
corpo, alma e mente.
Raul Cézar de Albuquerque
23/02/2012
Eu acho que você sabe, mas eu tenho um personagem que tem o silêncio como um tipo de divindade, e enfim, achei esse poema exatamente o tipo de silêncio que ele cultuaria. -q
ResponderExcluirMuito bem descrito, com timming perfeito!
"Que nos consola quando se une ao som da respiração.
ResponderExcluirEste que preenche corpo, alma e mente."
Como sempre, perfeito!