Cartaz de divulgação assinado por Di Cavalcanti |
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi única e, por isso, importantíssima para o campo das artes no Brasil. Sem exagero, pode ser chamada de "Terremoto de 22", pelo tamanho do seu abalo nas bases europeias da arte brasileira (que só a partir de 1922, passou a ser brasileira de verdade).
A ideia da Semana foi do pintor e desenhista Di Cavalcanti, mas inicialmente era pouco ousada: seria apenas uma breve exposição numa livraria de São Paulo. Porém o escritor Graça Aranha, que tinha muitos contatos na alta sociedade, apresentou Di a Paulo Prado, um homem rico, culto, de formação europeia e com bom gosto artístico. Sobre apresentar a ideia da Semana a Paulo Prado, Di Cavalcanti disse: "Eu sugeri a Paulo Prado a nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista".
Paulo Prado gostou da ideia e aceitou o desafio de patrocinar o evento. Decidiu-se que a semana ocorreria no Teatro Municipal de São Paulo, que já era um marco artístico na cidade. Os camarotes foram postos à venda. A Semana de Arte Moderna de 1922 iria começar...
O primeiro dia foi o dia 13 de fevereiro. No saguão do teatro estavam obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e outros artistas. A noite começou com uma palestra de Graça Aranha, "A emoção estética na obra de arte", que discorria sobre a renovação necessária nas artes. Depois houve declamação de poemas e execução de composições de Heitor Villa-Lobos. Esquecendo o espanto do público com as obras no saguão, foi a noite mais calma.
O segundo dia foi o dia 15 de fevereiro. Foi a noite mais agitada. Começou com uma palestra do escritor Menotti del Picchia, "Arte Moderna". Nela, ele dizia: "Queremos exprimir nossa mais livre espontaneidade dentro da mais espontânea liberdade." Depois da palestra, jovens autores apresentaram seus versos. O mais polêmico deles foi Manuel Bandeira, que não pôde estar presente por doença, mas mandou seu poema "Os sapos", que foi lido por Ronald de Carvalho, e, durante a leitura, recebeu vaias e foi atrapalhado pelo público que se recusava a ouvir os versos. Depois, houve uma apresentação de peças musicais de Guiomar Novaes, foi a parte mais calma.
O terceiro dia foi o dia 17 de fevereiro. Seria o dia mais calmo, pois só haviam peças musicais de Villa-Lobos na programação. Apenas seria, pois não foi. Não foi porque Villa-Lobos entrou no palco com um sapato e uma sandália. A plateia ficou desesperadamente irritada, considerou aquilo uma ofensa aos presentes. Villa-Lobos pediu calma e disse que só estava daquele jeito por estar com um calo muito inflamado no pé, o que acalmou um pouco a situação.
O que ficou da Semana de 22?
- Uma linguagem artística brasileira moderna, ou seja, renovada, afastada dos padrões europeus, longe da precisão parnasiana e da idealização romântica.
- Uma nova geração de artistas brasileiros que abordam o Brasil em suas obras. E tal geração continua se renovando.
- Uma queda do culto ao passado, dos preconceitos artísticos e da submissão aos padrões acadêmicos.
Vão e vêm
Não em vão"
"Relógio" de Oswald de Andrade
Obra de Tarsila do Amaral, Abaporu. |
O primeiro dia foi o dia 13 de fevereiro. No saguão do teatro estavam obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e outros artistas. A noite começou com uma palestra de Graça Aranha, "A emoção estética na obra de arte", que discorria sobre a renovação necessária nas artes. Depois houve declamação de poemas e execução de composições de Heitor Villa-Lobos. Esquecendo o espanto do público com as obras no saguão, foi a noite mais calma.
O polêmico Manuel Bandeira |
O segundo dia foi o dia 15 de fevereiro. Foi a noite mais agitada. Começou com uma palestra do escritor Menotti del Picchia, "Arte Moderna". Nela, ele dizia: "Queremos exprimir nossa mais livre espontaneidade dentro da mais espontânea liberdade." Depois da palestra, jovens autores apresentaram seus versos. O mais polêmico deles foi Manuel Bandeira, que não pôde estar presente por doença, mas mandou seu poema "Os sapos", que foi lido por Ronald de Carvalho, e, durante a leitura, recebeu vaias e foi atrapalhado pelo público que se recusava a ouvir os versos. Depois, houve uma apresentação de peças musicais de Guiomar Novaes, foi a parte mais calma.
O maestro Heitor Villa-Lobos |
O terceiro dia foi o dia 17 de fevereiro. Seria o dia mais calmo, pois só haviam peças musicais de Villa-Lobos na programação. Apenas seria, pois não foi. Não foi porque Villa-Lobos entrou no palco com um sapato e uma sandália. A plateia ficou desesperadamente irritada, considerou aquilo uma ofensa aos presentes. Villa-Lobos pediu calma e disse que só estava daquele jeito por estar com um calo muito inflamado no pé, o que acalmou um pouco a situação.
Grandes nomes da Semana de 22 |
- Uma linguagem artística brasileira moderna, ou seja, renovada, afastada dos padrões europeus, longe da precisão parnasiana e da idealização romântica.
- Uma nova geração de artistas brasileiros que abordam o Brasil em suas obras. E tal geração continua se renovando.
- Uma queda do culto ao passado, dos preconceitos artísticos e da submissão aos padrões acadêmicos.
- A ascensão da liberdade artística que resultou em versos brancos e livres, em pinceladas menos mecânicas, em esculturas menos figurativas, numa arte mais espontânea, mais libertadora, mais livre, mais arte.
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horasVão e vêm
Não em vão"
Gostei do poema meio trocadilhoso do Oswald o/
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