Saí de casa
correndo
a todo vapor
- não só para ver-te,
mas para ter-te,
para ser teu carrasco
carcereiro
escravo
concubino
brinquedo de ninar.
Subi as escadas
a todo vapor.
Toquei a campainha
e em mim
já apitavam chaminés
e trabalham máquinas.
Quando abriste a porta,
o calor do sétimo círculo do inferno de Dante
me tomou
e começou a me consumir.
Entramos
e já nos unimos:
tua coxa direita em uma de minhas mãos
teu pescoço na outra mão
tua boca na minha - e esqueço o mundo.
(sem tempo para um inútil boa-tarde,
nós fizemos a tarde ser ótima).
Rápidos pensamentos:
se sobre a mesa,
será que ela aguenta?
se no tapete da sala,
e se chegar alguém?
se contra a parede,
será desconfortável?
E me surpreendes
ao me levar suspiro a suspiro
até teu quarto
- e pediste silêncio,
teu irmão mais novo dormia no quarto ao lado.
Era teu quarto
nossa casa de máquinas
era hora de confeccionar amor
a todo vapor
confeccionar amor
em escala industrial
confeccionar amor
a quatros mãos
confeccionar amor
a peitos cheios
confeccionar amor
a ferro e fogo
confeccionar amor
para o ano todo
confeccionar amor
de modo artesanal
confeccionar amor
a todo vapor
o meu vapor
que se funde
- e se confunde -
com o teu vapor.
e em tanto vapor
e em tanto amor
nenhum pudor
inflamados vocativos
provocativos
e em tanto ôr
e em tanto ôr
e em tanto oh
e em tanto oh
apitam todas as chaminés
fumaça brança
habemus amore
fumaça branca
apitam todas as chaminés
e somos, pois, silêncio
férias coletivas
jantar em família
como se amor ainda não houvesse.
Raul Cézar de Albuquerque
03/04/2013
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