Minha alma é demente.
Passa o momento e só depois
ela resgata os sentidos
e o sentido do que se viveu.
Minha alma é demente.
Perde-se na ilusão
sem fazer alusão ao amor
que existe
e prende-se a telas.
Minha alma é demente.
Olha para trás e vê tudo
e baixa a cabeça sem coragem de
admitir que à frente
vai o resto que não nasceu.
Minha alma é demente.
Perdeu já tanto tempo.
Perdeu já tanta vida.
Perdeu já tanta alma.
Minha alma é demente.
Que não chora
porque, quando sente
a dor, a ferida já vai cicatrizando,
o inimigo está perdoado,
a arma já nem existe mais.
Minha alma é demente.
E vaga lenta por dúvidas.
Perdoa a demência,
sinal de uma alma cansada
e velha
e cansada de ser velha
e cansada de ser vela
nos constantes funerais sem motivo.
Raul Albuquerque
29/06/2013
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