Sempre admirei
o mar do esquecimento
e sentava na areia
só para ouvir
o chiar vazio do
desmanchar das lembranças.
Sempre tive péssima
memória e
só me lembro
do que não importa.
Sempre me perdi nos anos
e nas datas.
Já mergulhei
no mar do esquecimento
só para tentar
esquecer-me de mim.
Mas não deu certo.
Sempre desejei
que as ondas avançassem
e me arrastassem
sem pedir licença...
desejei como
se deseja amanhã
sem saber como será.
Sempre quis
poder escolher o que lembrar,
mas esqueci.
E ainda esqueço.
Para esquecer,
já tomei banho de mar,
já tomei banho de chuva,
já tomei banho de rio...
E lembro de tudo isso.
Memórias se quebraram
nos arrecifes.
Memórias escorreram
pelo corpo até o chão.
Memórias foram
no curso do rio.
Algumas foram para sempre,
outras me visitam em certas noites
em que a chuva cai e
no ressoar do telhado
ouço falas antigas
e até então
esquecidas.
Raul Albuquerque
02/06/2013
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