Canto II
Há como dar novos passos
em velhos caminhos?
E esses passos,
mudariam o fim do trajeto?
A certeza mora no impossível.
A perfeição também.
Mas faz bem sonhá-las às vezes.
Olhá-las de longe e desejá-las.
E viver não é fazê-lo?
Que o toque seja novo,
mesmo sendo velhos o instrumento,
o instrumentista e a música.
Que se renove a brisa da manhã,
mesmo que na mesma janela de sempre.
Que seja novo o cheiro
mesmo sendo o mesmo jardim,
com as mesmas flores
e o mesmo jardineiro.
- Que seja novo o verso,
mesmo sendo o mesmo poeta,
as mesmas palavras,
as mesmas mortas pontuações
na mesma folha amarelada.
Então, que seja vivo o leitor.
Pois só ele pode enveredar
pelas trilhas sugeridas,
pelos campos descampados,
pelos horizontes intermináveis
e cair no mais solitários buracos
cavados na alma do poeta
- e lá dormir por alguns versos soltos.
Raul Cézar de Albuquerque
20/05/2012
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