Augusto dos Anjos |
Indubitavelmente, um dos maiores nomes da nossa poesia. O instinto modernista do paraibano Augusto dos Anjos fez dele alguém supra-acadêmico, um ápice qualitativo entre o simbolismo e modernismo. Com seu lirismo negro, ele encantou-nos falando de morte, doença e efemeridade. Fazendo uso de termos científicos, ele refinou sua poesia e destacou-se dos contemporâneos. Viva a poesia de Augusto dos Anjos!
Ao Luar
Quando, à noite, o Infinito
se levanta
A luz do luar, pelos
caminhos quedos
Minha táctil intensidade é
tanta
Que eu sinto a alma do
Cosmos nos meus dedos!
Quebro a custódia dos
sentidos tredos
E a minha mão, dona, por
fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula
em seus segredos,
Todas as coisas íntimas
suplanta!
Penetro, agarro, ausculto,
apreendo, invado,
Nos paroxismos da
hiperestesia,
O Infinitésimo e o
Indeterminado…
Transponho ousadamente o
átomo rude
E, transmudado em
rutilância fria,
Encho
o Espaço com a minha plenitude!
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