Sempre gostei de jogar xadrez, embora não o tenha feito muito nos últimos dias. Numa dessas noites em que a televisão não apresenta nada de bom, num momento de devaneio, olhei para cima do armário e vi aquela caixinha, com esforço percebi que era o esquecido tabuleiro de xadrez e suas peças empoeiradas. Comecei a relembrar as regras e fiz o poema.
A vida certamente é um jogo de
xadrez.
Onde Deus [ou o Acaso, se
preferir] é o jogador,
Onde todas as peças têm a sua
vez.
Mas o xeque-mate não é o
objetivo, é só o consumador.
Onde existem muitos, mas muitos
peões.
Eles não dão grandes passos e
não mudam de direção,
A não ser quando estão em
extremas situações.
Neles a covardia se esconde
atrás da cautela e da concisão.
Onde existem algumas torres,
mas são poucas.
Elas dão grandes passos na
direção escolhida,
Mas são retilíneas, não
conseguem ser loucas,
Nem entregar-se a uma loucura
perdida na vida.
Onde existem alguns bispos, mas
são poucos.
Eles também dão grandes passos
na direção escolhida,
Mas não conseguem ser
retilíneos, são loucos,
Descontrolados, querem
aproveitar ao máximo a vida.
Onde existem alguns cavalos,
mas são só alguns.
Sempre dão os mesmos passos, só
mudam a direção.
Técnicos, secos, frios, não são
muito comuns.
Vivem passando por cima dos
seus iguais, sem coração.
Onde existem pouquíssimas
rainhas.
Elas têm a liberdade de ir para
qualquer lado.
Decididas, andam muitas
casinhas
De uma só vez, pois confiam no
seu faro aguçado.
Onde existem pouquíssimos reis.
Podem seguir para qualquer um
dos lados.
Comedidos, só dão um passo de
cada vez.
São sensatos, mas são
perseguidos e atacados.
Encontrou-se? Se estiver
perdido no tabuleiro,
Procure sem muita demora o seu
lugar.
Não deixe-se perdido até o
momento derradeiro.
Pois a partida certamente irá
continuar.
Raul Cézar de Albuquerque
08-09/01/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário