Estava lendo "O Estrangeiro" de Albert Camus. Nele há a descrição de uma imagem muito poética, muito bem feita. Era um homem, deitado, no meio do calor da Argélia. Decidi fazer diferente, uma mulher, estática em pé, no meio de uma paisagem fria. Acho que ficou bom...
Eu lembro-me da última vez em que
a vi.
Eu nunca tinha visto nada igual,
Por isso tive certeza de que não
me confundi.
Foi assim que a vi: estática e
triunfal.
No meio de tanto nada.
Apenas olhei a mancha rósea na
paisagem.
Na verdade, avermelhada.
Na verdade, não era miragem.
É, era ela. Era a minha emoção.
Era o meu sentimento todo ali.
Naquela imagem parecendo ilusão.
Naquele mundo sobre o qual nunca
li.
Naquela mentira que era de coração,
Apaixonei-me logo pelo que vi.
Era ela com seu sobretudo
vermelho,
Que, em vias normais, indicaria
paixão,
Mas, no meio de todo aquele gelo,
Indicou apenas uma forte
recordação.
A roupa vermelha e a expressão
pálida,
O sorriso simples e a alegria
notória,
O tempo frio e a presença cálida,
Tudo poetizava sutilmente sua
história.
Depois deste último encontro à
distância,
Hoje, vejo-a tão seca, sóbria e
sincera.
Parece que já passou aquele desejo
ou ânsia.
Tudo por ela já não ser quem era.
Raul Cézar de Albuquerque
06/01/2012
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