Eu estou disposto a entregar-me
a este algo que me é oferecido.
Não tenho medo que isto me desarme,
pois já estou sem armas e rendido.
Não só tomar, mas lambuzar-me
deste mel que não conheço nem a procedência.
Só sei que ele irá alegrar-me
nem que seja só por um instante da minha existência.
É perigoso, mas eu não tenho capacidade
de negar nem de fingir nem de fugir.
Ou talvez eu só não tenha suficiente vontade,
talvez eu queira correr o perigo de sentir.
Sentir o calafrio do perigo de verdade,
sentir na pele o prazer de quase inexistir.
A mente grita por bom senso e concisão,
mas eu nada ouço, o coração está pulsando.
E pulsa, e bate, e pulsa, o meu coração.
De longe eu fico olhando, fico desejando.
Desejando isentar-me do virá depois desta ação.
Desejando que eu não continue só desejando.
Ah, eu sinto que tenho que me entregar!
Ainda que depois venha a decepção e seu amargor.
Se eu não o fizer, meu coração irá parar.
Irá parar sem que eu tenha sentido o tom agridoce do amor.
Raul Cézar de Albuquerque
03/01/2012
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