Até aceito teu adeus, mas não agora.
Sem um último toque
que me gere arrepio.
Dá-me, pois, um último pedido
antes de minha morte
- pois para mim é isso que significa tua ida:
morte.
Deixa-me puxar-te pela mão e
fazer-te feliz por mais uma noite.
Deixa que meus lábios possam
apertar os teus suavemente.
Seria meu último suspiro válido.
Façamos daquela cama um altar
e que eu seja o sacrifício
- que lá eu acabe todas as minhas
forças e vontades.
Voltemos aos nossos grunhidos
ininteligíveis por mais umas horas
- ou que voltemos ao silêncio mais primitivo.
Depois de deixar a felicidade
transformar-se em gotas
que brotam do toque de duas peles,
deixa-me dormir - num sono pesado
como a morte.
Enquanto durmo - e sonho que
fizemos tudo de novo -, podes arrumar tuas
coisas, tuas roupas, teus brincos
e podes deixar teu perfume impregnado
nas paredes da sala, podes deixar
uma carta de amor hipócrita e insincera
debaixo do vaso de flores ou em cima
do sofá.
Então, tentarei um novo
motivo que me prove que a
vida vale a pena. Quanto a ti,
morreste para mim.
Raul Cézar de Albuquerque
28/09/2012
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