Ó imaculada máquina,
admiro teu tom prateado
que existe para ser corroído,
mas que manténs com
firmeza.
Invejo o modo rotineiro
e compassado com que
fazes teu dever.
Quando vejo teu ar marcado,
tua pressão controlada
e tua ação infalível,
penso ser possível
o melhor de mim.
Mas, rainha de cobre e ferro,
eu tenho em mim a semente
da falha, do erro, do além
e do aquém.
A felicidade, pois, é prova
de que não há como correr
- em vão - atrás da infalibilidade
e sentir-se pleno.
Por vezes, culpo o onde ou o quando
por minhas dissonâncias...
é vão, a falha nasce e vem,
é parte nossa.
Mãe e mão. Voo e vaia.
Teu arfar produtivo me
encanta, mas não é
para mim.
Nasci assim.
Surgi para a falha.
Nasci para a morte
- aí está minha falha: acabo,
findo, morro, sem ter posto
tudo em prática sem ter a
plenitude em mim.
Raul Cézar de Albuquerque
13/09/2012
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