Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Escavação (de Mário de Sá-Carneiro)



Mário de Sá-Carneiro
Mário de Sá-Carneiro é um dos maiores nomes da poesia portuguesa. Nasceu em Lisboa, em 1890, e suicidou-se em Paris, em 1916. A vida curta foi marcada por uma obra eternizada pelo lirismo introspectivo e pela interiorização de seus dramas pessoais. Nome relevante do Modernismo português, Sá-Carneiro cantou seu estranhamento do mundo - estranhamento este que levou-o a deixar-nos aos 26 anos de idade.


Numa ânsia de ter alguma cousa, 
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar,
E a minh'alma perdida não repousa.

Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à fôrça de sonhar...

Mas a vitória fulva esvai-se logo...
E cinzas, cinzas só, em vez do fogo...
- Onde existo que não existo em mim?

Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d'amor sem bocas esmagadas -
Tudo outro espasmo que princípio ou fim... 

Poema "Escavação" de Mário de Sá-Carneiro.
Publicado no livro "Dispersão".

Nenhum comentário:

Postar um comentário