Parece que as correntes só me foram tumultuadas.
Vocês continuaram tranquilos, unidos, sorridentes.
Eu mergulhei no caos.
Mas acho que fico feliz
pelo rumo que as coisas tomaram.
Feliz? O que sei sobre felicidade?
Ignorem-me.
Apenas posso dizer que aceitei
esses tais destinos.
Eu não posso questionar
quem vem escrevendo esta minha incoerente história.
Ou posso?
Eu já ouvi tantos nãos
que se alguém me disser sim
não acreditarei e voltarei ao pó
- ou ao mar revoltoso,
de onde nunca deveria ter saído.
Por outro lado,
também já recusei muitos sins
- talvez hoje eu aceitá-los-ia.
Eu já recusei muitas propostas
e talvez isso tenha me levado a tais correntes,
essas recusas, esses solilóquios desesperados.
Aos poucos, descobri que as folhas alaranjadas
que pairam nos ares de outono são belas,
mas são sozinhas - planam solitárias.
Recolhido como um náufrago
e cansado de ser levado pela correnteza,
observo desolado a paisagem desolada
- ninguém passou por aqui.
Afinal,
o egoísmo é a forma mais doentia de solidão.
É o resguardar-se consigo próprio
por saber que ninguém habitará seu casebre
- nem sua mansão.
É o deitar-se na areia como desistência,
tomar a areia como sua,
mesmo sabendo que o vento a leva sem pedir licença.
Raul Cézar de Albuquerque
08/06/2012
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