Sempre há aquela salinha
na qual não podemos entrar
e aí entra a imaginação
- aí nasce um poema,
para descobrir ou decifrar
estes mistérios silenciosos.
Sempre há uma caixa
que não pode ser aberta
e aí consideramos as mais
insanas possibilidades
- aí nasce um poema
para enganar consciência.
Sempre há uma gaveta
trancada e inviolada
que grita por ser aberta
e aí gritam as mais ansiantes mãos
- aí nasce um poema
para violar esses casulos.
Sempre há uma janela embaçada
numa tarde fria
que nos impede de sair
para ver a rua, a vida,
a alegria das crianças,
a saudade dos velhinhos de mãos dadas
e aí nós dormimos,
enredados pelo frio extenso,
até que a tarde vá acabando
- aí nasce um poema.
Sempre há uma garra escondida
que não pode ser exposta
e que você acaba cobrindo com um sorriso.
Sempre há um grito infame
que assustaria as pessoas
e que você acaba cobrindo com um silêncio.
Aí nasce o poema.
Raul Cézar de Albuquerque
11/06/2012
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