
- Trecho Final -
De tantas vezes que nasci
tenho uma experiência salobre
como criatura do mar
com celestiais atavismos
e com destino terrestre.
Enquanto se resolvem as coisas
aqui deixei meu testemunho,
meu navegante estravagario
para que lendo-o muito
ninguém pudesse aprender nada,
mas o movimento pertétuo
de um homem claro e confundido,
de um homem chuvoso e alegre,
enérgico e outonal.
E, agora, atrás desta folha
me vou e não desapareço:
darei um salto na transparência
como um nadador do céu,
e logo voltarei a crescer
até ser tão pequeno um dia
que o vento me levará
e não saberei como me chamo
e não serei tão desperto:
Então, cantarei em silêncio.
Poema "Testamento de Otoño" de Pablo Neruda.
Escrito e Publicado em 1958, no livro "Estravagario".
Fielmente traduzido por Raul Cézar.
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