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Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

terça-feira, 24 de julho de 2012

Um convite indiscreto a "As Flores do Mal"


O livro é, sem dúvida, um marco inicial para o que chamamos de Poesia Moderna. Charles Baudelaire é um dos grandes nomes da poesia universal.
"As Flores do Mal" (originalmente, Les Fleurs du Mal) é uma obra que surpreende pelo caráter revolucionário e confrontador. Lançado em 1857, ele teve seis de seus poemas censurados - o que Baudelaire contornou criando outros seis "mais belos que os suprimidos", segundo ele mesmo.
Mas o propósito do post não é falar do livro, mas do texto que abre o livro: "Ao Leitor" (Au Lecteur) que inicia-se assim:
A estupidez, o erro, o pecado, a mesquinhez/ habitam nosso espírito e o corpo viciam/ e os adoráveis remorsos sempre nos saciam [...]
A frase é própria de Baudelaire e caracteriza-se como uma preparação para o que o leitor encontrará nas páginas seguintes. Ele não poupa exemplos repugnantes para apresentar a decadência humana (algo perto do conceito de "depravação total", pregado por Calvino).
Longe do puritanismo, o poeta deve representar, segundo Charles, a sincera condição humana e conclui ao fim do poema:
No lamaçal de nossos vícios imortais,/ um há mais feio, mais iníquo, mais imundo!/[...]/ É o Tédio! - o olhar esquivo à mínima emoção,/ [...]/ - Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão!
Baudelaire acerta ao colocar que, para entender-se poesia, é necessário sair da situação cômoda de puro espectador e vislumbrar cada imagem desenhada pelas palavras impuras do Poeta (pois Baudelaire faz questão de tratar o Poeta como substantivo próprio).

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