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Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Casa (de Pablo Neruda)


Hoje, 12 de junho de 2012, completam-se 108 anos do nascimento deste que nunca será esquecido nem igualado: Pablo Neruda. Admiro Neruda como admiro pouquíssimos poetas, o chileno tem coisas indescritíveis em sua poesia. Para mim, ler Neruda é um momento de encontro com os eus que ele conseguiu descrever com perfeição. Em homenagem ao gênio Neruda...

Talvez esta é a casa em que vivi,
quando eu não existi nem havia terra,
quando tudo era lua ou pedra ou sombra,
quando a luz imóvel não nascia.
Talvez então esta pedra era 
minha casa, minhas janelas ou meus olhos.
Lembra-me esta rosa de granito
algo que me habitava ou que habitei,
cova ou cabeça cósmica de sonhos,
taça ou castelo ou navio ou nascimento.
Toco o firme esforço da rocha,
seu baluarte golpeado pela salmoura,
e sei que aqui ficaram brechas minhas,
enrugadas substâncias que subiram
desde as profundezas até minha alma,
e pedra fui, pedra serei, por isso
toco esta pedra e para mim não morreu:
é o que fui, o que serei, repouso
de um combate tão longo quanto o tempo

Poema "Casa", escrito por Pablo Neruda.
Publicado no jornal "El Nacional" em 29.05.1960.
Traduzido fielmente por Raul Cézar de Albuquerque.

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