Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

terça-feira, 17 de abril de 2012

Faz de Conta



Mas,
por que fazemos questão
de fazer de conta
que o faz de conta
nunca aconteceu?


Mesmo sabendo
que aqui - ou aí - dentro
plebeus foram príncipes
- sapos também.
Ou até que moças simples
vestiram-se de linho e ouro
- foram princesas, 
nem que por uma semana,
ou por um mês, 
ou ainda são princesas.


Às vezes,
crer no faz de conta,
faz tão bem para
o coração...
Suspirar por plebeias
como se fossem princesas.
E elas olhando sapos 
como se fossem príncipes.


Enquanto houver tempo,
haverá faz de conta.
E não há motivo 
para duvidarmos
que os faz de conta
existem.
Pois, 
para nossa felicidade,
eles existem.


Só não poderemos 
discernir o real do faz de conta
- só quando a história acaba,
e o príncipe volta a ser sapo,
e a princesa volta a ser fiadeira,
a ser parte da paisagem,
a ser rejeitável,
a ser ignorável.


(E o faz de conta acaba,
 assim, parte de nossa vida
 - ilusão -
 enterra-se com ele,
 some, esvai-se, 
 resta apenas a dor
 de saber que não passou de faz de conta.)


Raul Cézar de Albuquerque
17/04/2012
Dedicado a Thaís S. S. Gomes (que me deu a ideia do poema)

2 comentários:

  1. Como bom leitor de C.S. Lewis e Lewis Carrol, esse poema me agradou bastante, as fase sem rimas está melhor do que eu esperava. XD

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    1. A fase sem rimas também está melhor do que eu esperava!

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