Há algo de inexplicável em tudo isto.
Um menino nasceu
há muito tempo
em um lugar muito distante
e, por causa disso,
as pessoas parecem mais felizes.
Há em tudo isso um mistério.
Os ares mudam,
porque as pessoas mudaram.
Por motivo incogitável,
elas passaram a querer
fazer o que nunca fizeram.
Para ser sincero,
nunca acreditei em Papai Noel.
Sempre fui idealista demais,
acreditei - e continuo acreditando -
em algo muito mais impossível
que um velho gordo e barbudo
que presenteia as pessoas ao fim do ano.
Acreditei nas pessoas.
Cri que elas
poderiam deixar de lado
- nem que só por uma noite -
seus problemas e desejos pessoais
e - só em lembrar o fato
antigo e distante -
começar a pensar em outras coisas
que geralmente não lhes diria respeito.
Vai parecer infantil,
mas eu ainda creio
que esse período possui algo
inexplicável - que nada tem a ver
com presentes ou festas -
que nos faz expressar o melhor de nós.
E o fato de pessoas também crerem nisso
comprova que esse encantamento
pode ser perpetuado em
vidas dispostas a vivê-lo diariamente.
Que o nascimento passe de causa
a efeito de tudo isso.
Que nasçam sonhos - antes impossíveis.
Que perdões rompam o asfalto e nasçam impetuosamente.
Que acorde a semente adormecida
e brote sem medo de amanhã.
Que surja a coragem de dizer
o que a vergonha impedia de ser dito.
Que não pare. Que nasça.
Que cresça. Que reproduza.
E que nunca morra.
Raul Cézar de Albuquerque
25/12/2012
Dedicado a Priscila Ribeiro
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