Há 90 anos, nascia
José Saramago.
Ele é
"somente" o único autor de língua portuguesa que recebeu o Nobel de
Literatura (de 1998). Também foi o vencedor do Prêmio Camões (de 1995).
Nascido numa família
pobre de camponeses sem terra, no dia 16 de novembro de 1922, José de
Souza Saramago acumulou pragmatismos pessimistas ao longo da vida. Viu a
instalação do salazarismo em Portugal e perdeu vários empregos pela sua crítica
visão política.
Seu primeiro sucesso
literário veio com a publicação de "Memorial do Convento" (1982), um
romance histórico de cunho satírico que brinca com as crenças e os devaneios
humanos.
O romance "O ano
da morte de Ricardo Reis" (1984) vem completar uma lacuna deixada por
Fernando Pessoa: como morreu o heterônimo Ricardo Reis? A obra genial
descreve todo um ano de desventuras que culminam na morte do protagonista.
Em "Jangada de
Pedra" (1986) Saramago usa um impensável cenário: a Península
Ibérica separando-se no continente europeu. Crítica não tão velada à ideologia
da União Europeia de julgar a Europa como um quadro homogêneo.
Em 1991, José lança
"O Evangelho segundo Jesus Cristo". Um dos romances mais polêmicos do
século XX, nele o próprio Cristo (re)conta sua história, com direito a cena de
relação sexual entre José e Maria para gerar Jesus. Não é difícil imaginar as
reações que vieram principalmente da Igreja Católica, mas - por incrível que
pareça - as lideranças protestantes não "entraram no barco" e acabaram
respeitando a liberdade de expressão do escritor.
Em 1995, publicou seu
romance mais celebrado, o "Ensaio sobre a cegueira". Nele, Saramago
usa de experimentos estéticos para contar uma história vívida e alegórica sobre
uma realidade palpável. Saramago disse sobre o livro:
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
Seguiram-se romances
como "As intermitências da morte", "As pequenas memórias" e
tantos outros. Seu último romance publicado em vida foi "Caim" -
outro romance que atiça as massas católicas pondo Deus como mentor intelectual
do crime realizado pelo protagonista.
Após a morte de
Saramago, em junho de 2010, é publicado o romance "Claraboia" - que
conta a história dos moradores de um prédio em Lisboa.
Hoje, 16 de novembro,
é o "Dia do Desassossego" em Portugal. Homenagem do país ao grande
escritor. (título bem contestável...)
Então... FELIZ DIA
DO DESASSOSSEGO!
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