Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sexta-feira, 22 de junho de 2012

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Enquanto houver esta respiração ofegante,
viverei numa epopeia:
a de encontrar-me.

Fui posto entre as mais intermináveis
paredes de um labirinto.
Dédalo projetou meus meios
e Minos, o rei irrevogável,
determinou meu fim.

Em minha incursão,
alguém segura-me 
através de uma corda
- dependo dela para voltar à realidade.

Entro sem medo de ter medo
- pois sei que temerei 
em alguma vírgula da história.

Imergir entre as paredes
é perigoso.
Em cada esquina,
posso encontrar aquele que nunca fui
- os eus que reneguei.

O que levo no peito
não se contém.

Pelos corredores eternos,
encontro fugitivos
- mas eu nunca fugi,
sempre esperei com paciência
a liberdade ilusória.

Por vezes,
encontro loucos
- mas eu não enlouqueci,
ao menos, eu não percebi isto.

Já vi criminosos,
uns seguravam armas,
outros exibiam sonhos,
outros falavam
- não sei se cometi todos esses crimes,
mas já fui punido por 
supostamente praticar alguns deles.

Cada batimento
e cada passo
em direção a minha face mais temida.
Já desenharam-no como um touro,
um leviatã e até compararam-no às quimeras,
mas ele nunca deixará de ser eu.

E quando eu encontrá-lo
- ele que me assusta e me pertence -
deverei matá-lo com um só golpe na cabeça?
Devo derrubá-lo?
Ou deveria deixá-lo vivo aqui dentro?

Talvez não valha a pena
sair do labirinto.
Quando voltarmos - eu, meu barco e sua vela negra - para casa,
posso não ser bem-recebido.
Talvez o mar abra os braços
e receba alguns dos meus.

Por enquanto,
basta-me saber que existe casa,
que existe dúvida,
que existe o mar,
que existe ela,
que existe eu.
E que existe fim.

Raul Cézar de Albuquerque
22/06/2012

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