Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Silêncio...


O título é uma boa explicação do que tentei fazer no poema... Um ensaio sobre o silêncio. Neste estado de espírito, o silêncio, quis escrever sobre o que sentia. Fiz uso de uma alegoria, mas nada que me tirasse a verdade do sentia quando escrevi... O Silêncio:


A refeição é feita em silêncio.
Um silêncio tão presente que poderia ser tocado.
Um silêncio pessoal, geral e denso.
O silêncio puxou a cadeira e sentou-se ao nosso lado.

À mesa, só o som dos talheres.
O estalido das facas, que não cortam a tensão.
Ali, só o silêncio das mulheres.
Só o silêncio. Ninguém quer falar daquela situação.

Mas o silêncio é a prova de que o que aconteceu
Não sai do nosso pensamento.
Os olhares baixos vislumbram o que nos acometeu.
Os fatos recentes tomaram nosso sentimento.

Todas as bocas se mexem sem parar...
Mas só pra comer.
Enquanto ninguém para de relembrar
O que acabou de acontecer.

De repente, alguém levanta
E vai para a sala de estar.
A refeição não mais encanta.
Um a um, todos começam a levantar.

O silêncio só é atrapalhado
Pelo arrastar das cadeiras.
Mas logo é retomado
Quando todos acabam suas carreiras.

Então, todos se sentam no sofá.
Alguém finalmente liga a televisão,
Pra tentar calar o silêncio que ainda está,
Ainda está em cada coração.
E é esse o silêncio que vai nos interessar,
O da morbidade da emoção.
O silêncio do que já está para acabar.
Este que não passa de uma oração.

O silêncio que não passa de uma oração.
Este que nos preenche subitamente.
Que nos consola quando se une ao som da respiração.
Este que preenche corpo, alma e mente.

Raul Cézar de Albuquerque
23/02/2012

2 comentários:

  1. Eu acho que você sabe, mas eu tenho um personagem que tem o silêncio como um tipo de divindade, e enfim, achei esse poema exatamente o tipo de silêncio que ele cultuaria. -q

    Muito bem descrito, com timming perfeito!

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  2. "Que nos consola quando se une ao som da respiração.
    Este que preenche corpo, alma e mente."

    Como sempre, perfeito!

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