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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Crítica do Livro "A cidade e os cachorros"



Quando saiu o nome do Nobel de Literatura de 2010, eu decidi ver quem era este tal Mário Vargas Llosa. Li exaustivamente sobre sua obra e decidi comprar o livro que foi ressaltado em tudo que falava sobre como sua primeira magnum opus que se chama “A cidade e os cachorros”. Procurei muito até achar e o livro ainda possuía um preço um tanto quanto alto. Indico a edição que comprei que é a da Editora Alfaguara com arte de capa e revisão perfeitas. Demorei mais que o normal para lê-lo. A minha crítica vem a seguir:

O Nobel de Literatura de 2010 foi bem oferecido como poucos na história da premiação. O peruano Mario Vargas Llosa é realmente um gênio da narrativa, da imaginação e da eterna arte de contar histórias.
Creio que o prêmio foi dado não pela história contada, mas pelo modo de contar tal história. A narrativa é inteligente e o fato de haver duas histórias se entrelaçando com narradores diferentes mostra toda a genialidade deste escritor latino-americano.
A história se passa no Colégio Militar Leôncio Prado: um lugar de aparente controle e de profunda hostilidade.
“Os colegas estavam alegres com a perspectiva de férias; ele, por sua vez, sentia medo. O colégio constituía seu único refúgio.” (Pg. 195)

A narrativa foca vida dos novatos que recebem o pejorativo apelido de “cachorros”.
Os principais personagens do romance são Alberto, um escritor de contos eróticos e romancinhos que era conhecido como “o poeta”, Jaguar, um líder nato, grosso e truculento, Ricardo Arana, um negro que sofre profundo e constante preconceito e é chamado de “Escravo”. Eles eram membros do Círculo, um grupo de novatos que se juntam para defenderem-se dos veteranos.
A história começa densa, escura, triste e, em certos pontos, indesejável. Mas, eis que nasce um romance que acaba por dar novos ares, mesmo que este nasça sob condições desfavoráveis e a partir de atos reprováveis.
“Agarrei-o pela camisa e disse: ‘Se você chegar perto da Teresa outra vez, a surra vai ser pior.’ [...] Ele me disse: ‘Você está apaixonado até a alma. [...] O amor é a pior coisa que existe. Você anda feito um idiota e deixa de cuidar da vida. As coisas mudam de significado e você é capaz de fazer as maiores loucuras e de se ferrar sempre num segundo’”. (Pg. 276)

Ocorre uma morte no ambiente do Colégio Militar e as coisas saem do aparente controle, ou melhor, de nada se tem certeza. Alberto se mete na morte e acaba levando colegas e superiores.
“E, de fato, o relatório entregue pelo tenente Gamboa mostra que o assunto justifica a intervenção, não apenas dos oficiais como também do Ministério da Justiça. Pelo que pude ver, você acusa um colega de assassinato” (Pg. 303)

O vai-e-vem das histórias traz uma sensação da vida como um ciclo. Ao fim da história principal, a adjacente revela o início de toda aquela saga. Tudo com um tom de fina e bela ironia.
“Sabe de uma coisa, rapaz? Queremos que você seja um homem de bem. Vou matricular você no Colégio Militar.” (Pg. 324)

O livro é maravilhoso, mas não é gostoso de ler. Ouvi um comentário bem resumitivo: “Llosa é muito porão”. Mesmo com a sobriedade e sombra das histórias de Llosa, não tenho medo de dizer que ele é um dos maiores gênios de nosso tempo. E o livro segue esta mesma linha de “quase intragável, mas genial”.

Um comentário:

  1. eu adorei o livro pelos poucos que eu li na internet eu gostei ...

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