Falar em professores sempre é
motivo para que beiremos a pieguice e entremos numa espécie de saudosismo. E
acho que não vou conseguir fugir disso.
Hoje, “professor” tem um
significado mais humano, culminando às vezes em ser sinônimo de “amigo”. De
início, somos – alunos e professores – inimigos mortais, pois não pode haver
uma relação amistosa entre o avaliado e o avaliador, então, o educador e o
educando, o erudito e a página em branco. Os grandes professores são aqueles
que apagam essa imagem infantil e dicotômica da nossa cabeça.
Por vezes, o ambiente escolar é
hostil e rigoroso. O professor tem o dever humano de amenizar a automaticidade
das coisas, humanizar o processo. Talvez seja a voz que ecoa na primeira aula
do dia que faça o adolescente voltar ao mundo real e esquecer as angústias
ainda abertas do dia anterior.
E, imersos num mundo denso de
alunos, avaliações e reclamações, são eles que nos conectam com um mundo
totalmente exato, ortográfico, histórico, geográfico ou até artístico.
Ainda que o quadro esteja em
branco, a presença de um professor que faça por merecer o título que tem faz
com que o dia tenha lições inscritas de modo inesquecível. O modo próprio de
ensinar a tabela de senos, de explicar o que é um isômero ou uma vegetação
hidrófila, de passar as regras de acentuação gráfica, de caracterizar o cenário
do pós-guerra, de expor os princípios da Semana de 22 ou até de exemplificar
uma lei da física marcam a vida de um aluno.
Embora muitas vezes não pareça,
nós – alunos – somos necessitados de uma risada – ou uma correção - matinal,
uma regrinha a mais, um assunto novo e até uma informação que nunca usaremos na
vida, porque tudo isso faz parte dessa ópera – ou dessa loteria – que é a vida.
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