Para o caminhante,
o caminho é tudo,
porque tudo acontece no caminho.
Se a queda ocorre no caminho,
o caminho é queda.
Se o sono vem no caminho,
o caminho é sono.
Se há desespero no caminho,
o caminho é desespero.
Se o amor surge no caminho,
o caminho é amor
- nem que por um pequeno trecho.
E, então, vem o sonho.
O sonho não ocorre no caminho.
Antes, é a fuga.
É o que foge ao tudo.
Já não faz parte do que conhecíamos
e havíamos catalogado na
enciclopédia infinita.
O sonho é o que habita
onde não habitamos.
Acaba contando-nos
de terras sem fim
nem começo.
O fim ainda é caminho.
O sonho não.
E, quando se concretiza,
o sonho perde o poder de
mediar tais mundos.
Parece desencantar-se
ou aposentar-se dessa função.
O sonho, pois, é tudo o que
foge ao que dizemos ser tudo,
um respiro aliviado longe da obrigação vital de respirar ar impuro.
Raul Cézar de Albuquerque
17/10/2012
*Dedicado a Ketilly Rayane
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