
Fato é que parece que todo o lixo literário recém-produzido está ali. E isto me enoja.
Ver ali os livrinhos açucarados de Nicholas Sparks, ou as depressões improdutivas de seguidoras mal-formadas de Clarice Lispector, ou de historinhas com vampiros brilhantes, bruxos adolescentes e lobisomens que desconhecem o advento da camisa.
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André Gide |
Neste momento, eu me lembro das belas e precisas palavras do gênio da literatura, André Gide, Nobel de Literatura de 1947, quando ele diz assim:
"É com os bons sentimentos que faz a literatura ruim."
Meus caros, eu ainda preciso dizer alguma coisa?
Os bons escritores são aqueles que conseguem fazer arte mesmo com os sentimentos mais pesados, humanos e antipoéticos que conhecemos.
Falar de amor e ganhar público? Qualquer menino de ensino fundamental faz isso.
Falar de dilemas cotidianos e ganhar o público feminino? É só ser piegas, e você realiza seu sonho.
Falar de fantasias andrógenas e ganhar o público adolescente? É só não exigir muito Q.I., e pode ir para a editora.
Eu quero ver Saramagos que falem da nossa raiz animal com poesia em outro "Ensaio sobre a cegueira"!
Eu quero ver Gracilianos que discorram sobre a desumanidade dos seres humanos dados a situações extremas em outro "Vidas Secas"!
Eu quero ver Wildes falando da efemeridade da beleza e da ilogicidade das vaidades humanas em outro "Retrato de Dorian Gray".
Quando chego à livraria, eu quero ver literatura de verdade, não diários femininos de oitava série.
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