Embora mantenha profunda admiração por Olavo Bilac e, principalmente, seu poema "Língua Portuguesa", o meu poema preferido do movimento parnasiano no Brasil é este.
Ele mantém toda a métrica, toda a perfeição formal, mantém a estética parnasiana, mas o que é exposto no poema vai muito além da estética, ela vai à alma, à sua construção social e psicológica.
O poema fala do que vai escondido em cada coração humano, das dúvidas, dos sentimentos vergonhosos, do que nos torna mais terrenos que divinos...
Além das sílabas poéticas que funcionam perfeitamente, Raimundo ainda acrescenta um método do Parnasianismo francês, o enjabement, que consiste na ideia que permanece constante começando numa estrofe e terminando na seguinte.
Não perca tempo com a preguiça da estética modernista que, a mim, não passa de militância sem causa. Admire a arte do início do século XIX... ARTE:
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
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Porque o verdadeiro mal é secreto! |
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